quinta-feira, 26 de setembro de 2013

REENCONTRO

... em verdade, encontramo-nos na oração, como quem se vê num ponto determinado de ação em que as vossas ansiedades nos interpelam os bons desejos.
Como nos seria grata a possibilidade de satisfazer-vos a todos, em vossas requisições afetivas!

*
... mães que buscais os filhos que a morte vos arrebatou ao carinho, pais que esperais por respostas à própria dor as mensagens dos entes queridos que vos antecederam na Vida Maior, esposas que a saudade marca, a fogo de lágrimas, tentando mitigar o próprio sofrimento com as palavras de companheiros trazidos, à Espiritualidade quando mais necessitavam viver e amigos que suplicais o verbo de afeições aparentemente desaparecidas na voragem das grandes transformações!
Todos estais conosco, todos aguardais...
Entretanto, o Ensinamento do Senhor é de vida eterna a concretizar-se em bênçãos de paz e felicidade, através do serviço ao próximo.

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... relevai-nos se não podemos transgredir as leis vibratórias e os princípios cármicos que nos governam a todos, a fim de satisfazer-vos.
Asseguramo-vos, porém, que os nossos afetos nunca se extingue.
Com o tempo e com a bênção do amor uns pelos outros dentro do tempo, todos nos reencontraremos para celebrar a união sem adeus.
... aguardemos trabalhando na construção do bem, na certeza de que no bem para os outros, surpreenderemos o nosso próprio bem.

*
... as lições de sempre destacam o valor da verdade e da caridade, evidenciando a grandeza do “servir”, acima da luz relativa ao “conhecer”.
Todos, indistintamente, possuímos determinada parcela da verdade e nessa parcela do conhecimento superior ser-nos-á possível o insulamento nos pontos de vista que tantas vezes nos têm separado, nas leiras do tempo. Mas, a caridade é aquela força divina que nos desloca de nossas próprias torres individuais para a reunião sublime de uns para com os outros.
Detenhamo-nos em semelhante realidade para converter as horas de que dispomos em degraus para a Vida Maior, à busca dos entes que mais amamos.

*
... atravessamos na Terra momentos difíceis, no que tange aos valores espirituais, de vez que as agitações do ambiente humano nos concitam a testes de fraternidade e compreensão, em todos os momentos da vida.
Não nos iludamos.
Ontem vos separastes das pessoas queridas, hoje domiciliadas no Mais Além, amanhã sereis vós os companheiros que nos compartilharão as faixas de vida nova.

*
... elevemo-nos pela execução do programa do Cristo a que estamos chamados:
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

*
... auxiliemos para sermos auxiliados.
Compreendamos para sermos compreendidos.
Atendamos aos recursos do coração para socorrer-nos uns aos outros.
Pacifiquemo-nos, por dentro, para tranqüilizar a vida que se nos estende ao redor dos passos.

*
... se indagardes, ainda hoje, quanto à solução dos problemas que vos afligem a atualidade terrestre, a resposta-síntese e ainda é aquela de há quase dois mil anos - “caridade de uns para com os outros”.
Caridade que se vos expresse em respeito e entendimento fraternal no relacionamento de cada dia.

Caridade que se torne gentileza diante da agressividade; paciência para com o desequilíbrio; fé viva perante as chamadas desilusões do caminho; otimismo à frente das provas; bênção para com todos aqueles que amaldiçoam; auxílio para com os mais jovens na experiência física, em forma de bondade e compreensão das lutas que porventura carreguem; reconforto em favor de quantos se vejam transitoriamente detidos na madureza avançada do corpo em marcha perante a renovação...
Caridade dos que sabem, ajudando fraternalmente aos que ignoram; dos que usufruem saúde corpórea diante de quantos se vejam corroídos pelos agentes da enfermidade; dos mais fortes, sustentando os fracos e indecisos; dos que entesouraram esperança em socorro dos que jazem exaustos nos problemas inquietantes da vida; dos que podem distribuir, pelo menos; migalhas de auxílio, no amparo aos que se viram encarcerados em abatimento e penúria; dos que são apoiados pela realização dos próprios ideais na sustentação dos que choram na angústia; de todos os que podem auxiliar, desse ou daquele modo, para construir o Mundo Melhor.
Tão somente na caridade – luz divina – a fluir de nós na direção dos outros, conseguiremos melhorar o que somos e o que temos, para sermos o que nos cabe ser e alcançar os valores que desejamos.

*
... recordemos: O Cristo ressurgiu para que ressurjamos, ensinou para que aprendamos, amou-nos, tanto quanto nos ama sempre, para que saibamos realmente amar-nos mutuamente e veio até nós para que nos elevemos até Ele, conduzindo pelo amor os que nos compartilham a existência, na edificação da Terra mais feliz.

De mensagem recebida em 07.04.1973.

Extraído do livro Bezerra, Chico e você
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Bezerra de Menezes

APRENDIZ E INSTRUTOR

O rapaz cumprimentou o Instrutor e comunicou, espantadiço:
-Professor; não posso aceitar a sua designação para que eu seja o monitor de minha turma. Por quê? Indagou o educador, desapontado.

-Meditei bastante e reconheci que não tenho condições para o cargo... Minhas imperfeições são maiores do que o meu desejo de servir...

-Imperfeições? Quem não as terá neste mundo? Que ideia estranha é a sua!... Se é no trabalho que liquidaremos nossos defeitos e sanaremos os nossos erros, foge você do remédio capaz de aperfeiçoar-nos?

-Eu queria possuir qualidades positivas para exaltar o bem.

-Diga-me. Quais são essas qualidades?

O jovem explicou-se, acanhado:

-Aspiro a trazer comigo os traços de Jesus; afinal, é meu sonho transformar-me num brilhante lapidado e puro, a fim de refletir a grandeza do Divino Mestre!...

-Ah! – falou o Mentor surpreendido! Compreendo, compreendo...

E fixando no aprendiz os olhos penetrantes, rematou:
-No entanto, não se esqueça você de que o brilhante formou-se do carvão considerado desprezível... Por milênios e milênios sofreu o peso do solo e dos detritos que oprimiam, acabando por asilar-se numa cascalheira por tempo longo... Por fim, rudemente ferido, pelos instrumentos do burilador, veio a ser a joia preciosa...

O diálogo terminou e entendemos que não é preciso que no dia seguinte o rapaz ostentava na lapela o distintivo do monitor em ação, junto de extensa turma dos colegas que lhe dedicavam justa e constante admiração.

Extraído do livro A semente de mostarda
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Emmanuel


terça-feira, 24 de setembro de 2013

MISSÃO DE MULHER



Jovem prendada e linda, era a própria beleza,
Rosa de inteligência e natureza,
Viera de remoto povoado,
Com tarefas de estudo e sonhos de noivado,
E conquistara enorme simpatia...
Fizera-se modelo e se reconhecia
O ponto alto das exibições,
Favorita do brilho em passarela,
Pisando corações...

Ela encontra, por fim, num jovem rico e nobre
A cortina de ouro em que se encobre.

Quatro anos de luxo nos salões
Tornaram-na famosa e cada vez mais bela.

Certo dia, no entanto, inesperadamente,
Uma carta lhe chega... Vem da vila
Em que passara a infância humílima e tranquila,
É da mãezinha que se diz doente...
Falecera-lhe o irmão, seu único parente,
Declarava-se triste e desolada,
Incapaz de ganhar o próprio pão...
Rogava à filha proteção,
Sentia-se sozinha e fatigada
E, sobretudo, estava em luta insana,
Pois era agora triste hanseniana.

A moça treme revoltada
E, às súbitas, planeia
O que admite por melhor medida;
Não quer aquela mãe que a desnorteia;
Detestaria ver-se diminuída
Perante o homem que ama.
Age arbitrariamente,
Adita ao próprio nome um nome diferente
Na rude inquietação que ela própria extravasa...
E, mudando de casa,
Permaneceu na expectativa...

Realmente, depois de algum tempo passado,
Senhora hanseniana morta-viva
Bate-lhe à porta, em tom desesperado;
Servidores atendem, entretanto
Ela quer ver a filha que ama tanto,
Colhendo reiterada negativa.
Mas sabendo-a sentada sobre o piso
Que dava acesso ao grande apartamento,
A própria moça surge, de improviso,
A gritar-lhe, de ânimo violento:
- Saia daqui, depressa! Vá-se embora!...
Não conheço a senhora
E caso aqui persista,
Tenho a polícia à vista!...

- Filha, dize por que... -
Exclamou a mulher agoniada, -
Estarei eu assim tão deformada
Que o seu olhar já não me vê?
Não ficarei aqui, não lhe trarei perigo,
Mas não vês que a mãezinha está contigo?

- A senhora não passa de embusteira, -
Falou a moça, a gestos desumanos.
- Minha mãe já morreu, há muitos anos...
Velha tonta,
Não sei como se fez aventureira,
Mas a polícia vai tomar-lhe a conta...

Minutos decorridos,
Enquanto a pobre mãe chorava, angustiada,
Uma ambulância veio em disparada
E conduziu-a para um sanatório.

Trinta anos passaram sobre a cena,
A filha desposara o jovem que a queria.
O casal conjugava a fortuna e a alegria,
Ele, o industrial, ela, a nobre senhora,
E um filho nobre e forte
Surgiu-lhes a brilhar
Por tesouro do lar.
Quanto à pobre mulher deixara a enfermaria,
Conseguira curar-se,
Mas não mostrava mais a face antiga,
Era triste velhinha sem disfarce,
Desditosa mendiga...
Conhecida por velha hanseniana,
Já sofrera de sobra a zombaria humana...

Morava numa furna abandonada,
Não distante da fábrica de tubos
E outros artigos de eletricidade
De que o neto distinto era dono e gerente...

Sabendo-se que fora humilhada e doente,
Cobria-se com capa esburacada
E, lembrando uma sombra a pervagar na estrada,
Pedia aqui e ali, um socorro qualquer...
Mas em torno da fábrica era o ponto
Em que a infeliz mulher
Parecia um rondante, atento e pronto,
A observar o que passasse...
Se encontrava o gerente, face à face,
Dizia, constrangida: - Uma esmola, doutor!...
Intrigado o rapaz notava aqueles olhos
Que o miravam, mostrando imenso amor...
Dava-lhe algum dinheiro, atento a isso,
Depois seguia adiante
Mergulhando a atenção em seu próprio serviço...

Seguia o tempo em marcha regular,
Quando veio a estourar
Na fábrica tranquila
Um grande movimento
De protesto violento,
Que englobava, por si, todo o operariado...
A gerência estudava ação conciliadora
E os conflitos surgiam, lado a lado.

No ápice da luta,
A velhinha cansada, dia-a-dia,
Observa o extensão da rebeldia,
Mantendo-se, de guarda, ao pé das oficinas,
Qual um posto de escuta.

Certa noite, enxergou dois delinquentes
Quando os vigias cochilavam fora,
Agiam, sem que a vissem trêmula e calada...
Uma porta se arromba
E os dois, dentro da fábrica isolada
Colocam grande bomba,
No intuito de gerar perturbação,
E fogem, assustados, do recinto...
Ela entra em ação,
Obedecendo ao próprio instinto...

O estopim fumegava... Ela, porém,
Sem o concurso de ninguém,
Toma nas mãos o engenho destruidor,
Avança sem temor,
Sai pela porta afora,
Correndo sem a mínima demora,
Mas, antes que atirasse a bomba ao chão,
Dá-se a grande explosão.

A fábrica salvara-se.
Ela, porém, tombara
Mortalmente ferida...

Faz-se tumulto, em torno... Eis o chefe a chegar...
Reconhece a velhinha e determina
Que ela seja tratada
Por valente heroína...

Foi no hospital a derradeira cena.
Finava-se a velhinha devagar,
Mostrando no semblante a beleza serena
De quem transmite paz no próprio olhar...

Eis que, em dado momento,
Ela percebe vozes e alarido;
Ao formoso aposento
O gerente trouxera os pais com garbosa alegria;
Deviam ver a pobre que morria
E que o amara tanto...

O casal aproxima-se... A senhora
Treme ao reconhecer a mãe que rejeitara outrora...
Enquanto filho e pai conversam à distância,
Ajoelha-se a filha, ante a mulher que morre...
Ela perde perdão no pranto que lhe escorre
Dos olhos espantados...
Contudo, a agonizante ao percebê-la,
Ciciou as palavras: - Minha estrela!...
Ouvindo-a soluçar,
Consegue novamente sussurar:
- Filha do coração, Jesus a trouxe aqui...
Depois disse ao cair, em profundo torpor:
- Não chores, meu amor,
Eu nunca te esqueci...

Lá fora, o Sol, em tudo, era vida e esplendor,
Parecendo dizer na própria chama
Que, desde a luz dos Céus aos abismos da lama,
Deus, em todo o Universo, é a Presença do Amor.

Extraído do livro Caminhos do Amor
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Maria Dolores




sexta-feira, 20 de setembro de 2013

GUARDEMOS O ENSINO

“Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos.” - Jesus. (Lucas, 9:44)

Muitos escutam a palavra do Cristo, entretanto, muito poucos são os que colocam a lição nos ouvidos.

Não se trata de registrar meros vocábulos e sim fixar apontamentos que devem palpitar no livro do coração.

Não se reportava Jesus à letra morta, mas ao verbo criador.

Os círculos doutrinários do Cristianismo estão repletos de a-prendizes que não sabem atender a esse apelo. Comparecem às atividades espirituais, sintonizando a mente com todas as inquietações inferiores, menos com o Espírito do Cristo. Dobram joelhos, repetem fórmulas verbalistas, concentram-se em si mesmos, todavia, no fundo, atuam em esfera distante do serviço justo.

A maioria não pretende ouvir o Senhor e, sim, falar ao Senhor, qual se Jesus desempenhasse simples função de pajem subordinado aos caprichos de cada um.

São alunos que procuram subverter a ordem escolar.

Pronunciam longas orações, gritam protestos, alinhavam pro-messas que não podem cumprir. Não estimam ensinamentos. Formulam imposições.

E, à maneira de loucos, buscam agir em nome do Cristo.

Os resultados não se fazem esperar. O fracasso e a desilusão, a esterilidade e a dor vão chegando devagarinho, acordando a alma dormente para as realidades eternas.

Não poucos se revoltam, desencantados...

Não se queixem, contudo, senão de si mesmos.

“Ponde minhas palavras em vossos ouvidos”, disse Jesus.

O próprio vento possui uma direção. Teria, pois, o Divino Mestre transmitido alguma lição, ao acaso?

Extraído do livro Vinha de Luz
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Emmanuel


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

FRATERNIDADE

Questão 344 do livro O Consolador:

O “amar ao próximo” deve ser levado até mesmo à sujeição, às ousadias e brutalidades das criaturas menos educadas na lição evangélica, sendo que o ofendido deve tolerá-lo humildemente, sem o direito de esclarece-las, relativamente aos seus erros?

- O amor ao próximo inclui o esclarecimento fraterno, a todo tempo em que se faça útil e necessário. A sujeição passiva ao atrevimento ou à grosseria pode dilatar os processos da força e da agressividade; mas, ao receber as suas manifestações, saiba o crente pulveriza-las com o máximo de serenidade e bom senso, a fim de que sejam exterminada em sua fonte de origem, sem possibilidades de renovação.

Esclarecer é também amar.

Toda a questão reside em bem sabermos explicar, sem expressões de personalismo prejudicial, ainda que com a maior contribuição de energia, para que o erro ou o desvio do bem não prevaleça.

Quanto aos processos de esclarecimentos, devem eles dispensar, em qualquer tempo e situação, o concurso da força física, sendo justo que demonstrem as nuanças de energia, requeridas pelas circunstâncias, variando, desse modo, de conformidade com os acontecimentos e com fundamento invariável no bem geral.

Extraído do livro O Consolador
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Emmanuel


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

COMO ORIENTARMOS NOSSAS VIDAS

por Pietro Ubaldi

É problema de cada dia ver alguém que pede orientação para sua vida, porque não sabe resolver seus problemas.

Está procurando o caminho melhor, cheio de boa vontade, também de fazer sacrifícios desde que o caminho seja o melhor. Nesta angústia ele vai pedindo orientação para saber como proceder. Mas é difícil encontrar um conselheiro iluminado, paciente e desinteressado. Não basta a boa vontade. Se o conselheiro não está orientando para si mesmo, como pode orientar os outros? Às vezes, pede-se luz a um cego que acredita possuí-la. Assim acontece que um cego vai guiando outro cego. Mas, pode também acontecer que neste mundo de lobos, os astutos logo procurem tirar proveito da fraqueza do próximo, para fazer dele um filiado às próprias teorias, filosofia, religião, grupo que seja. Atrás de muitos luminosos está sempre pronta a vigorar a luta pela vida e pelo triunfo do mais forte para esmagar o mais fraco. E aquele que, de qualquer maneira, pede opinião, prova ser o mais fraco. O que podemos dizer a este homem?

Procuramos dizer a ele uma palavra de sinceridade e honestidade. Do ponto de vista terreno, olhando só o que é deste mundo cheio de enganos, a coisa melhor para quem pede orientação é não deixar ninguém perceber que ele precisa de conselhos. Apoiar-se nos outros, esperar que estejam prontos e ao nosso dispor para ajudar-nos, e que o saibam fazer, é em geral uma agradável ilusão. E é melhor uma verdade dura, nua e crua, mas verdade, que qualquer, embora maravilhosa, ilusão. Devemos antes de tudo, apoiarmo-nos sobre nós mesmos, porque, em geral, os outros são também bastante carregados pelos seus problemas.

Devemos exigir de nós mesmos o esforço de pensar para resolver e de agir para atuar. Há ajudas do Céu, mas elas não descem de graça. Tudo o que recebemos do Alto é primeiramente remédio. A Divina Providência existe e é uma grande verdade. Mas ela não funciona para os preguiçosos. O caminho da conquista de qualquer coisa deve ser cumprido com o nosso esforço.

Somente depois de termos feito tudo isto, se tivermos a grande sorte de ter um amigo bom e iluminado, poderemos pedir orientação. Mas, orientar é difícil. Para tanto, é preciso orientar-se a si próprio, conhecendo a estrutura, o funcionamento da Lei de Deus que tudo dirige: a vida, a história, todos os fenômenos e o destino de cada um. Dentro desta orientação universal precisa o orientador estudar e conhecer o caso particular da vida e do destino de cada um e, por intermédio da análise de seus instintos, idéias inatas, movimentos do subconsciente, etc., chegar a reconstruir a causa passada destes efeitos presentes, isto é, a sua história anterior à vida atual, o seu passado no qual tudo isto foi semeado. O primeiro estudo chamase psico-análise, o segundo, psico-síntese.

Resumindo, para orientar é necessário:
1) Conhecer as leis gerais que dirigem o universo, os fenômenos até os de nossa vida, materiais e espirituais;
2) Tomar depois conhecimentos das leis particulares, diferentes para cada indivíduo, que regem a vida dele;
3) Conhecendo as leis do conjunto universal e as do caso particular, orientar o indivíduo, conforme o que é melhor para corrigir o seu destino se o seu passado foi errado, para melhorá-lo onde não teve erros para pagar.

Às vezes, trata-se de um doente espiritual a curar, que precisa de um tratamento que deve considerar o assado. Às vezes trata-se de quem deve pagar. Então deve-se ajudá-lo a pagar. Às vezes trata-se de uma alma nobre que quer ainda mais subir. Deve-se ajudá-lo a subir. Às vezes, trata-se de um preguiçoso que pede orientação porque não quer fazer o esforço que lhe pertence e que é seu dever cumprir. Então deve-se impulsioná-lo para cumprir mesmo com esforço. E, cada vez, a regra para o orientador é diferente, adaptada ao caso particular. Como não há duas personalidades ou dois destinos iguais, não há também duas orientações iguais.

Mas, encontra-se outra ajuda além desta que pode chegar dos homens. É a ajuda de Deus. Se quisermos atingi-la, procuremos Deus. E Deus está dentro de nós. Devemos procurá-lo por intermédio da concentração.

Pode-se comunicar com Deus pela prece de qualquer forma, de qualquer religião, se ela sai do coração. Nem todos podem perceber por inspiração a resposta, porque nem todos são sensíveis bastante para chegar a isto. Mas, dirigir-se a Deus, com amor e obediência, para melhor conhecer a sua vontade a nosso respeito e para melhor obedecer à ela, é o primeiro passo para receber iluminação através deste outro caminho.

O homem evoluído vive mais da vontade de Deus que da sua, porque ele é antes de tudo harmonizado com a Lei, o que quer dizer aproximar-se da felicidade. Para ele a perfeita orientação é atingida na completa aceitação da vontade de Deus. Isto, este homem faz, porque sabe que é o caminho da maior vantagem e bem estar. Aqui é preciso também o nosso esforço para ver e compreender. Mas quando tivermos feito nosso esforço todo e compreendido todo o nosso dever, então, estaremos quites com o Céu e abra-se nosso crédito e direito perante ele e conforme a Lei deverá chegar a ajuda agora merecida.

Esta ajuda chama-se “Divina Providência”. Ela está pronta para funcionar. Mas, como todos os fenômenos, requer algumas condições indispensáveis, sem as quais não se verificam.

Vejamos quais são elas:
1) Merecer a ajuda;
2) Haver, antes de mais nada, esgotado as possibilidades de suas próprias forças;
3) Estar de acordo com as suas condições em estado de necessidade absoluta;
4) Pedir o necessário e nada mais;
5) Pedir humildemente com submissão e fé.

Quando estas condições se realizam, a Divina Providência está em condições de funcionar. Do contrário o fenômeno não pode se verificar. Deste modo não se pode falar de Providência com relação aos malvados, preguiçosos, ricos cobiçosos, incrédulos, soberbos. Manifesta-se ela e trabalha em favor dos bons, dos laboriosos, necessitados, morigerados, crentes humildes e de boa fé. Esta é, pois, a primeira condição: merecer.

Em certos momentos da vida, é necessário sermos deixados sozinhos diante do obstáculo para que aprendamos a superar as dificuldades com o emprego apenas de nossos meios. Quando não merecemos ajuda ou ela nos seria prejudicial, a Providência, se nos furtasse à prova necessária para nosso próprio bem, não seria ajuda, mas apenas traição. Neste caso a ajuda, que não falha, consiste em dosar a prova e diluir o esforço necessário que nos poupasse de progredir.

Quando quisermos por a Providência a serviço de nossa preguiça, é justo que a Lei neste caso se recuse a atender nosso apelo. Deus, sem dúvida alguma pai amoroso, não é, porém, nosso escravo. Sua Providência jamais nos ajudará se antes não houvéssemos feito tudo quanto estava em nossas forças, para agradecermos a lição.

A necessidade absoluta constitui a terceira condição. Se a Providência prodigalizasse o supérfluo, ao invés de encorajar a vida, levá-la-ia ao ócio que conduz ao aniquilamento. É preciso, pois, pedir com moderação e esperar apenas o que for justo. Pedir o necessário para viver com simplicidade, para que o instrumento do corpo possa fazer o trabalho pedido pelo espírito e indispensável para as finalidades da vida.

É preciso, finalmente, pedir com submissão e fé. Devemos conhecer a Lei de Deus para obedecer e não para exigir e mandar. Devemos também crer e confiar, ter a sensação desta realidade estupenda: a de que não estamos abandonados e sós, mas que existe nos Céus, o Pai, velando por nós e provendo-nos do necessário.

Quando é que na prática se perfazem estas cinco condições? E por que maravilharmo-nos de que o fenômeno não se verifique? Todo fenômeno tem as suas regras especiais e absurda é a pretensão de jogar sem conhecer as regras do jogo. Assim é que a Providência em muitos casos falha e não funciona. Fechamos-lhe as portas impedindo sua ação e, em seguida, negamos-lhe a existência.

Eis os resultados práticos que poderemos atingir, se soubermos orientar-nos. Quando nós cumprirmos as condições necessárias, além da palavra iluminadora do orientador poderá chegar a ajuda concreta de Deus. E quando formos bem orientados conforme a Sua Lei e operarmos conforme esta, a ajuda de Deus não pode faltar. De tudo isto se pode concluir que grande valor tem na nossa vida uma orientação e saber como orientarmos.

Concluindo: diferentes são os caminhos para chegar-se a orientação. O homem que não conhece a Lei geral de Deus, que tudo dirige, nem o seu destino particular, pedirá orientação se encontrar um iluminado que saiba e queira orientá-lo. O evoluído sábio pedi-la-á ele mesmo a Deus, estudando a vontade Dele para aceitar em obediência. Tudo isto cada um realizará conforme o grau atingido na sua evolução.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

É PARA ISTO

Emmanuel
“Não retribuindo mal por mal, nem injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados.”
(1ª Epístola de Pedro, 3:9.)

A fileira dos que reclamam foi sempre numerosa em todas as tarefas do bem.

No apostolado evangélico, reparamos, igualmente, essa regra geral.

Muitos aprendizes, em obediência ao pernicioso hábito, preferem o caminho dos atritos ou das dissidências escandalosas. No entanto, mais algum raciocínio despertaria a comunidade dos discípulos para a maior compreensão.

Convidar-nos-ia Jesus a conflitos estéreis, tão-só para repetir os quadros do capricho individual ou da força tiranizante? Se assim fora, o ministério do Reino estaria confiado aos teimosos, aos discutidores, aos gigantes da energia física.

É contra-senso desfazer-se o servidor da Boa Nova em lamentações que não encontram razão de ser.

Amarguras, perseguições, calúnias, brutalidade, desentendimento? São velhas figurações que atormentam as almas na Terra.

A fim de contribuir na extinção delas é que o Senhor nos chamou às suas fileiras. Não as alimentes, emprestando-lhes excessivo apreço.

O cristão é um ponto vivo de resistência ao mal, onde se encontre.

Pensa nisto e busca entender a significação do verbo suportar.

Não olvides a obrigação de servir com Jesus. É para isto que fomos chamados.

Extraído do livro Pão Nosso
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Emmanuel


VIVAMOS CALMAMENTE

Emmanuel
“Que procureis viver sossegados.”
Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 4:11.)

Viver sossegado não é apodrecer na preguiça.

Há pessoas cujo corpo permanece em decúbito dorsal, agasalhadas, contra o frio da dificuldade, por excelentes cobertores da facilidade econômica, mas torturadas mentalmente por indefiní-veis aflições.

Viver calmamente, pois, não é dormir na estagnação.

A paz decorre da quitação de nossa consciência para com a vida, e o trabalho reside na base de semelhante equilíbrio. Se desejamos saúde, é necessário lutar pela harmonia do corpo.

Se esperamos colheita farta, é indispensável plantar com esforço e defender a lavoura com perseverança e carinho. Para garantir a fortaleza do nosso coração, contra o assédio do mal, é imprescindível saibamos viver dentro da serenidade do trabalho fiel aos compromissos assumidos com a ordem e com o bem.

O progresso dos ímpios e o descanso dos delinqüentes são pa-radas de introdução à porta do inferno criado por eles mesmos.

Não queiras, assim, estar sossegado, sem esforço, sem luta, sem trabalho, sem problemas...

Todavia, consoante a advertência do apóstolo, vivamos calmamente, cumprindo com valor, boa-vontade e espírito de sacrifício, as obrigações edificantes que o mundo nos impõe cada dia, em favor de nós mesmos.

Extraído do livro Fonte Viva
Psicografado por Francisco Cândido Xavier - Espírito Emmanuel


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

GENÉTICA E EVOLUÇÃO

O aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela ciência é contrária à lei natural? Seria mais conforme a esta lei deixar as coisas seguirem o seu curso natural?

- Tudo se deve fazer para chegar à perfeição, e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir os seus fins. Sendo a perfeição o alvo para o qual tende a natureza, favorecer a sua conquista é corresponder aqueles fins.

(“O Livro dos Espíritos”, questão nº 692)

A evolução da genética através das pesquisas de laboratório, interferindo nos processos de aperfeiçoamento das raças animais e vegetais, não é contrário às leis da natureza. Também, neste sentido, a inteligência humana esta concorrendo para as obras Divinas que não lhe dispensa o concurso.

Enganam-se quantos supõe que novas conquistas científicas questionam a realidade do espírito, apregoada pela doutrina... A ausência de raciocínio na fé induz o homem à fragilidade diante do vertiginoso avanço na ciência da atualidade.

Ao invés de mais admirar a inteligência que, a cada dia, mais se revela por traz de tudo o que existe, a insegurança e o preconceito levam o homem á descrença e ao absurdo de admitir no acaso a autoria do universo.

A inteligência humana está a serviço da Inteligência Divina e, sem dúvida, o futuro ensejará gratas surpresas ao homem sobre a Terra, desde, é claro, que ele não se perverta e não se entregue a uma guerra de extermínio sem precedentes na história da humanidade.

O avanço tecnológico em todos os ciclos, o mapeamento genético do corpo humano, os chamados vegetais trangênicos, as sofisticadas técnicas de inseminação em laboratório – Tudo isto e muito mais significam conquistas do espírito, amenizando-lhe o peso do karma, em suas experiências no corpo.

Tanto quanto o espírito, a matéria também é susceptível de aperfeiçoar-se...

Por outro lado a ciência, em termos biológicos, não está criando, mas apenas viabilizando; devagar, o homem apenas está tomando consciência do que sempre existiu e ele sempre ignorou: O homem não faz as leis que regulam a vida material; ele as descobre e aprende como utilizá-las.

Não será, pois, o Mundo Espiritual que terá de se adaptar aos progressos da ciência, que parece lhe desafiar a previsibilidade; o mundo físico com as profusas luzes do conhecimento que nos albores do terceiro milênio, tem ascendido em todas as áreas do saber humano, é que tem mais bem adequado á transcendência da vida, que extrapola os limites estreitos da matéria.

Em seu natural dinamismo, o Espiritismo não se embaraçará entre o avanço intelectual que, quanto mais se patenteie, mais há de se confirmar os postulados que se lhe alicerçam a Fé Raciocinada.

A ciência que no passado, decretou a morte de Deus, preconizando o império do materialismo está prestes a anunciar a existência do Criador, vindo em socorro da fé na imortalidade, que as religiões que estagnaram no tempo não estão mais logrando sustentar na Alma humana.

Tanto no microcosmo quanto no macrocosmo, quanto mais se envereda por labirintos jamais percorridos pela inteligência, o homem surpreenderá Deus e a ciência. Finalmente expurgando da crença o fanatismo, proclamará a verdade como religião universal do espírito.

Extraído do livro: Se teus olhos forem bons.
Psicografado por Carlos A. Baccelli - Espírito Irmão José

CONVITE À JOVIALIDADE

“Se sabeis estas cousas, bem-aventurados sois se as praticardes.”
(João: capítulo 13, versículo 17)

A palavra áspera aqui e o conceito azedo ali consubstanciam a aura do desagrado.

O cenho carrancudo em regime de continuidade, deformando a aparência da face, materializa a expressão do tormento íntimo.

A habitual constrição facial, exteriorizando desagrado, produz a possibilidade negativa do intercâmbio fraterno...

Eles passam, os atormentados de toda característica, assinalados pelas marcas fundas dos dramas que ressumam dos painéis perispirituais, gerando deformidades que exteriorizam, desagradáveis.

Indispensável cultivar a jovialidade em qualquer esfera de ação mormente nas tarefas do Cristianismo Redivivo.

Movimentar o bem como quem suporta pesado fardo, significa desfigurar o próprio bem.

Ensinar alegria e confiança entre asperezas, carrancas e severidade para com os outros e sistemática de antipatia representa enunciar palavras belas e viver paisagens sombrias.

Como um semblante vulgarizado por um sorriso de idiotia representa um espírito agrilhoado à expiação, a dureza da face, o verbo cortante constituem as armas de insidiosa enfermidade espiritual.

Jovialidade, portanto.

Um espírito agradável a reproduzir-se numa face amena, não obstante as sombras e as lágrimas que, por vezes, expressam os impositivos da evolução pela dor, gerando simpatia e afabilidade.

Cismando, porém, ameno, carregando a Cruz, todavia, tranquilo, azorragado e humilhado até à extrema e mísera posição, Jesus manteve o alto padrão da jovialidade, em tal monta que mesmo em agonia amenizou as circunstâncias que exornavam a tarde de hediondez para cantar esperanças aos acompanhantes infelizes, acenando-lhes com a promessa do Paraíso, e bordando-lhes a noite pesada em que padeciam intimamente com as estrelas excelsas da paz ditosa.

Extraído do livro Convites da Vida
Psicografado por Divaldo Pereira Franco
Ditado pelo espírito Joanna de Ângelis


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

SALMO 23 - MÚSICA E VOZ

Para tranquilizar nossos corações!

A EDUCAÇÃO ESPÍRITA PARA CRIANÇAS

Texto extraído da Palestra Virtual promovida pelo IRC-Espiritismo

Apresentação do Palestrante: Oswaldo Cruz

Boa noite. Que o Senhor da Vida envolva-nos a todos. Trabalho no Centro Espírita Maria Angélica, no Recreio dos Bandeirantes/RJ.

Colaboro nas atividades de divulgação doutrinária e evangelização da infância. Também participo do programa "Estudo Dinâmico do Espiritismo" na Rádio Rio de Janeiro.



Considerações Iniciais do Palestrante:


"Ver no coração infantil o esboço da geração próxima". Assim, André Luiz inicia suas considerações sobre a infância no livro "Conduta Espírita". Entendemos a infância como sendo período fértil para a assimilação de valores os mais diversos. Nossa responsabilidade como pais, educadores e participantes da comunidade, de maneira geral, deve ser voltada ao aproveitamento dessa facilidade de assimilação, para a construção de um mundo melhor.


Observando nossas crianças, percebemos o quanto estão carentes de bons exemplos; o quanto aproveitam o que lhes é oferecido, sem que tenham chance de se defender. O quanto confiamos às emissoras de TV e seus personagens a apresentação de valores que, evidentemente, não condizem com aquilo que entendemos ser um padrão aceitável de comportamento.


Trabalhando com crianças há alguns anos, percebemos o quanto a omissão de muitos vem contribuindo para o cultivo de uma sociedade ainda injusta e tão cheia de "esquecidos". É nossa responsabilidade, como cristãos, trabalhar intensamente para que o Reino de Deus chegue a cada coração, através de uma ativa participação no meio em que vivemos, principalmente junto de nossas crianças. É um terreno muito fértil e que precisa ser urgentemente trabalhado.




1 - Como é visto o uso de alguma "energia" para a educação de nossos filhos. A palmada é permitida ou nossos pais erraram flagrantemente?
Uma das bases do trabalho de Pestalozzi era a de que "o amor é o eterno fundamento da educação". Entendemos que o relacionamento entre pais e filhos deve ser embasado no amor, capaz de suprir as deficiências de ambos. Observamos, também, o resultado da educação oferecida por pais que nunca utilizaram os recursos da "palmada", e constatamos o sucesso dessas experiências.
Ora, sendo nós espíritas, nada mais justificável que utilizemos os recursos excelentes que o Espiritismo nos oferece para educarmos nossas crianças. Estaremos, então, contribuindo para uma sociedade justa, equilibrada em que as relações baseiem-se no princípio do amor.


2 - Qual a importância da educação espirita para a formação da sociedade?
A educação, por definição, constitui-se na base da formação de uma sociedade saudável. Na mesma obra acima citada, "Conduta Espírita", o autor menciona que "Orientação da Infância, profilaxia do futuro".


3 - Uma criança possui mediunidade ostensiva? Qual seria o melhor procedimento de um evangelizador percebendo isso?
Em "O Livro dos Médiuns", somos alertados para o inconveniente do desenvolvimento da faculdade mediúnica nas crianças. Kardec alerta que devemos evitar tal prática, dada a sensibilidade das crianças e a fragilidade de seus organismos. É feita uma ressalva, entretanto, quanto à eclosão natural da mediunidade, caso em que deve ser cuidadosamente avaliada.
De nossa parte, entendemos ser a Evangelização Infantil o recurso adequado para a grande maioria desses casos, considerando, principalmente, o objetivo principal da mediunidade para nós. Entendemos aqui não a manifestação de espíritos tão somente, mas como sendo parte de um conjunto que objetiva a educação do espírito encarnado. Recomendamos sempre que a direção do Centro Espírita seja consultada nesses casos.


4 - Como os pais devem agir com o filho, quando nele sente a inclinação para jogos de azar? Como pode, mesmo a criança freqüentando a evangelização, compreendendo de maneira surpreendente os ensinamentos, ter dificuldade em aplicá-las no dia-a-dia?
A melhor atitude, além, naturalmente, da conversa franca sobre o assunto, é demonstrar utilizando sempre o princípio da caridade, o quanto os vícios de maneira geral vem contribuindo para o desajuste social. E observem que, infelizmente, sempre há exemplos em volta que podem servir para ilustrar o fato. Mas a caridade precisa estar presente quando fizermos isso. Além disso, convém que o Evangelizador seja informado para que este aja da forma mais discreta possível.


5 - Eu queria saber qual a visão do Oswaldo sobre a evangelização infanto-juvenil. Como, na visão dele, deve ser o evangelizador/educador espírita?
Entendo a evangelização infanto-juvenil como sendo a melhor contribuição que pode ser oferecida ao espírito encarnado em seu processo evolutivo. O evangelizador infanto-juvenil/educador espírita precisa conscientizar-se de sua importância nesse processo, que tem orientação dos Espíritos Maiores, e deve manter-se atualizado, visando dar sua melhor contribuição ao trabalho. Mais importante ainda do que a atualização "pedagógica/técnica" é o sentimento de amor que deve animá-lo na realização das atividades da evangelização espírita infanto-juvenil.
Entretanto, ainda deve "estar no mundo, sem ser do mundo", convivendo com a sociedade em que vive, vivificando aos que o cercam com sua alegria de viver.


6 - Há inúmeros casos de crianças que despertam a sexualidade ainda muito novas. Trazem essas idéias como fixas e, na maioria das vezes, são motivos de repulsa e indignação. Na infância, nos diz a Doutrina, as lembranças são, algumas vezes, resgatadas das colônias em que estavam antes da reencarnação. Como explicar tais comportamentos e como proceder diante de crianças como essas?
Somos todos, sem exceção, o conjunto do que construímos ao longo de séculos incontáveis. Sabemos, como espíritas, que aprendemos tanto encarnados como desencarnados e que, ao desencarnarmos ou reencarnarmos, não mudamos o que somos. Nosso aprendizado, embasado na vivência, fará com que construamos um novo jeito de ser.
Quando a criança manifesta qualquer tendência, devemos enxergar o espírito imortal que há nela, apresentando-se, mostrando-se como é. O preconceito ou atitudes intempestivas, ao invés de contribuir para seu processo educativo - e esse é o objetivo da reencarnação -, apenas podem inibir a manifestação "natural" e aquilo que foi observado vai deixar de sê-lo, porque simplesmente passou a ser feito escondido.
Os pais precisam então, conscientes de seu papel como educadores, e comprometidos com aquele espírito que ali está, iniciar intenso trabalho educativo com base no amor, levando a criança a desenvolver outros potenciais, minimizando, assim, a eclosão de algo que somente deveria ter surgido a posteriori. É trabalho delicado, mas que entendemos não ser algo que não possa ser levado a termo por aqueles que se propuseram a receber um espírito em seu lar, como seu filho.


7 - Como tratar o jovem espírita com tendências homossexuais e preocupado entre o ser espírita e ter essa tendência? E que está sentindo dentro de si a impossibilidade de promover qualquer trabalho no Espiritismo por conta disso?
Deve ser tratado com a maior naturalidade e amor, sem nenhum tipo de discriminação. Deve ser envolvido de tal forma que perceba que tem condições de contribuir para o trabalho. A Doutrina Espírita não proíbe absolutamente nada e todos os espíritos encarnados têm condições de contribuir na grande obra de transformação da humanidade, sendo até mesmo os maiores beneficiários.


8 - Educação Espirita é só no Centro Espirita?
Não. O processo deve ocorrer em toda a parte, principalmente em casa. O trabalho no Centro Espírita deve ser um complemento ao que deve ser desenvolvido pelos pais/responsáveis. Ocorre, entretanto, que muitas vezes a Evangelização oferecida pelo Centro Espírita é a única fonte de educação que a criança recebe. E aí, vamos aproveitar todos os momentos em que a criança estiver conosco para realizar o trabalho, sem desperdícios de tempo.


9 - Qual o papel da psicologia, pedagogia para a evangelização espírita?
Oferecem embasamento técnico ao trabalho realizado pelos evangelizadores. Cada evangelizador deve sempre participar de treinamentos oferecidos no próprio movimento espírita, que objetivam dar-lhe recursos para melhor desenvolver suas atividades.


10 -Como contrabalançar os modelos oferecidos pela televisão com os necessários ao desenvolvimento moral das crianças?
Na verdade, deveríamos filtrar o que nossas crianças vêem e ouvem, impedindo que, sensíveis como são, fiquem expostas a modelos distorcidos que não contribuem para o seu crescimento espiritual. Ainda que esteja na moda.


11 - Como tratar a criança difícil em salinha da evangelização?
Com todo amor e carinho, exercitando a paciência e a tolerância, pois ela é a maior e principal necessitada do grupo. É a cota diária do Evangelizador no exercício do bem.


12 - Em que currículo se baseiam os Centros Espíritas para elaborarem os planos da Evangelização Infantil? Como são montados esses currículos? Existe um que seja a nível nacional?
Esses programas podem ser adaptados à realidade local de cada Centro Espírita e são elaborados a partir das experiências de pessoas com profundas ligações com a Evangelização da Infância.




Considerações Finais do Palestrante:


A infância é realmente um período muito importante em nossas vidas. Não podemos desperdiçar oportunidades que surgem em todos os momentos para oferecer nossa melhor contribuição para um mundo mais saudável e justo.


Uma sociedade baseada nos valores do espírito e sua origem divina.


Evangelizar a criança é semear o Reino de Deus em nós. É ter a certeza de que estamos oportunizando ao espírito em sua caminhada rumo ao progresso, caminhos menos tortuosos, com a segurança de quem anda com a luz.

O apelo "Evangelize, coopere com Jesus" é mais atual que nunca e hoje somos realmente convidados a contribuir nessa causa tão nobre. Que o Senhor ilumine nosso caminhos, abençoando nossos propósitos. Boa noite. 


Fonte:

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br/
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br/
Em conjunto com o Centro Espírita Maria Angélica
Palestrante: Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro09/06/2000